A crise no Brasil fez com que muitos setores da economia ficassem
estagnados, ou tivessem crescimentos tímidos. Com isso, o hábito do
consumidor também ficou retraído, fazendo com que se desencadeasse um
movimento em cadeia, afetando outros setores do comércio, chegando ao
mercado imobiliário.
No entanto, para atrair mais consumidores,
construtoras e incorporadoras, ao invés de aumentarem os preços dos
empreendimentos para garantir o aumento nos lucros, já começam a
diminuir os valores ou congelá-los, de modo que pela primeira vez os
preços dos imóveis apresentam-se mais convidativos para quem tem o sonho
da casa própria, ou deseja fazer investimentos na área.
Chegou o momento de compra
Depois de vários meses com aumentos significativos
nos preços, os imóveis pela primeira vez apresentam uma variação menor
que a inflação. Ou seja, este é o momento para quem procura casas e
apartamentos à venda, sejam de novos empreendimentos ou para imóveis usados.
Isto porque no momento que o mercado desacelera, o
consumidor tem maior poder de barganha. Se você já possui o dinheiro
para comprar um imóvel à vista, os descontos podem ser ainda maiores. Em
outros casos, que envolvem o financiamento, algumas incorporadoras
aceitam até mesmo veículos como parte da entrada do imóvel.
Dicas essenciais para comprar seu imóvel
Apesar dos preços mais baixos, um cenário de
economia instável pode desestimular muitos consumidores. Vale a pena ser
prudente e seguir alguns passos para fazer boas aquisições nesse
período.
O primeiro passo é procurar os preços mais baixos.
Não adianta se encantar com um imóvel que você não conseguirá arcar com
os custos, além de aumentar a sua expectativa do mercado. É importante,
entretanto, entender também quais são as suas necessidades e buscar
imóveis que a atendam. De nada adiantaria adquirir um imóvel com um
quarto quando você necessita de dois, podendo gerar gastos maiores no
futuro.
Outro ponto a ser levado em consideração é o método
de pagamento. Se você puder fazê-lo a vista, poderá desfrutar de muitos
benefícios e descontos ainda maiores. Caso não seja possível, há também
como fazer um financiamento, no entanto será necessário ter uma grande
porcentagem do valor do imóvel, para garantir que as parcelas sejam mais
suaves e não coloquem em risco sua renda mensal.
Recentemente a Caixa fez mudanças em suas regras de
financiamento, um dos mais populares do país, privilegiando os imóveis
novos, e dessa forma, ajudando a aquecer o setor da construção civil.
Com isto, se tornou ainda mais atraente adquirir imóveis
recém-construídos.
O
aluguel no município do Rio ficou 9,07% mais barato nos últimos 12
meses, segundo o índice FipeZap sobre preços de imóveis anunciados. Por
outro lado, os condomínios mantiveram seus valores, o que em causado um
fenômeno curioso: em certos bairros, é possível ver preços de locação
mais baixos do que os valores das taxas condominiais.
A longo prazo, esse tipo de situação pode se tornar mais comum, já que as regras para o pagamento do condomínio ficaram mais rígidas desde sexta-feira passada. O Novo Código de Processo Civil (NCPC) determina que os devedores de condomínio terão três dias para pagar taxas em atraso. Os moradores com pendências poderão perder os imóveis.
Gerson Vianna, de 52 anos, anunciou uma cobertura na Barra da Tijuca cobrando um aluguel de R$ 1.600, mas o condomínio e o IPTU do imóvel custam R$ 1.700 e R$ 200 por mês. O funcionário público quer atrair locadores:
— Cada vez que o apartamento fica vazio, eu preciso pagar o condomínio. É melhor ter uma pessoa responsável por essa despesa, gerando renda. Se cobro o que seria o valor de mercado, R$ 3 mil, a pessoa fica com medo. Teme perder o emprego e não ter como pagar. Na crise. temos que considerar isso.
Uma pesquisa feita pelo EXTRA encontrou vários imóveis com preço de locação reduzido. Em Jacarepaguá, o dono de um apartamento de dois quartos na Freguesia fixou o aluguel em R$ 750, já que o condomínio custa R$ 900.
Em Niterói, há apartamentos no bairro de Icaraí por R$ 1.500 (preço da locação), com taxa condominial de R$ 1.503. Outra opção é de um imóvel anunciado por R$ 800, com mil reais de taxa. Em Santa Rosa, a cobrança é de R$ 1.200 pelo aluguel, mais R$ 1.400 pelo condomínio. No Ingá, um apartamento é alugado por mil reais. Para as despesas do edifício, a cobrança é de R$ 1.050.
Especialistas citam os motivos
Segundo o Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio), os casos de imóveis com aluguéis mais baratos do que as cotas condominiais não são isolados, mas variam de acordo com cada região. Uma pesquisa feita pela entidade mostra que os custos com condomínio representam, em média, 20% das despesas totais com habitação no Méier. Na Barra da Tijuca e em Jacarepaguá, esse gasto fica em torno de 19% do total. Em Ipanema e no Leblon, os valores são de 12% e 13%.
Segundo o vice-presidente do Secovi Rio, Leonardo Schneider, a diminuição do valor do aluguel é uma forma de reduzir o prejuízo de manter os imóveis desocupados na crise.
— Na Barra da Tijuca, alguns edifícios comerciais já estão oferecendo isenção de aluguel apenas para que as salas se mantenham ocupadas. O mercado imobiliário inflou muito. Agora, a oferta é grande, e a demanda, pequena.
Especialista em Direito Imobiliário, Roberto Renault, da empresa Renault Advogados Associados, concorda que a redução do preço do aluguel é uma solução para garantir a locação, mesmo com lucro menor. O advogado explica que não adianta esperar que o preço dos condomínios fique mais acessível:
— Os empreendimentos têm custos que não podem ser cortados, como contratos com pessoal, manutenção e despesas com concessionárias de serviços, como água e luz.
Depoimento: Leonardo Schneider, Vice-presidente do Secovi Rio
“O momento é bom para quem procura imóveis, porque os aluguéis estão mais baratos. É possível negociar e pedir descontos, se a oferta estiver grande na região. A recomendação é que o cliente olhe com calma, verifique várias opções, controle a ansiedade e negocie. Muitos proprietários investem em diferenciais, como armários embutidos ou pintura nova para chamarem a atenção”.