É preciso ter cuidados com o piso, móveis e plantas para que o deficiente circule com segurança
Para fazer um jardim que seja 100% acessível aos portadores de necessidades especiais, como cadeirantes, primeiramente deve-se seguir à risca a NBR9050, segundo o arquiteto Eduardo Ronchetti.
Um dos cuidados diz respeito aos revestimentos, pois os pisos devem ser antiderrapantes. Hoje em dia existe uma gama de opções muito vasta no mercado. Ronchetti cita como um revestimento nobre e belo o piso de pedra natural travertino com acabamento flameado. “É como se a pedra não recebesse o polimento, ficando com porosidades que o ajudam a ser antiderrapante”, explica.
Outra opção é o piso fulgê, bastante poroso e antiderrapante, mas é preciso ter o cuidado de especificar que o material seja executado com certo limite de irregularidade, pois a trepidação deve ser muito leve para não prejudicar a circulação do cadeirante.
Para mobiliário não existe uma linha específica, tudo poderá ser utilizado, contanto que sejam seguidas as dimensões ideais estabelecidas na NBR9050. Os móveis devem estar dispostos no ambiente de forma que não atrapalhem a circulação. Caso o cadeirante queira se transferir para uma cadeira, por exemplo, o móvel deve ter a altura de 46 cm.
Para as plantas também não existe algo específico, segundo Ronchetti. “Mas sempre procuramos buscar com nossos fornecedores materiais mais texturizados, a fim de aguçar as sensações de uma pessoa com deficiência visual, por exemplo”, orienta. Além disso, é necessário procurar plantas que não atrapalhem a circulação, que não se transformem em obstáculos suspensos ou com raiz muito grande.
A arquiteta Laurimar Coelho complementa que o piso não pode ter interferências, deve ser plano para a cadeira circular livremente. O espaço deve ser largo para a manobra da cadeira. “Algo de, no mínimo, 1,5 metro quadrado para o cadeirante poder fazer curvas”, aconselha.
“As plantas escolhidas devem ser arbustos que tenham altura média na fase adulta para que o indivíduo possa apreciá-la e tê-las ao alcance das mãos. Pode-se fazer um jardim sensorial, com plantas das mais variadas texturas cores e aromas”, recomenda Laurimar.
Ela lembra ainda que plantas de folhas pontiagudas e com espinhos, de copas baixas e largas devem ser evitadas para não machucar o cadeirante.
“Para quem gosta de lidar com a terra, a dica é investir em jardineiras suspensas. Dessa forma, a base das plantas fica mais ao alcance das mãos.”
Quanto aos móveis, Laurimar lembra que algumas espreguiçadeiras são baixas e desconfortáveis para fazer a transferência da cadeira para o assento. “Opte por cadeiras do tipo padrão, mas que sejam apropriadas para jardins, mais resistentes à chuva e ao sol”, ensina. Segundo a arquiteta, há vários fabricantes especializados em mobília para áreas externas, com jardins e piscinas. “São móveis leves e há ainda as camas de jardim, que são muito confortáveis”, diz.