Em momentos de dúvidas e incertezas da economia brasileira, o aluguel
tem sido uma excelente alternativa. A crise mexe diretamente com os
orçamentos das famílias já que estão mais cautelosas para assumir longas
dívidas. E isso faz com que as pessoas comprem menos.
Segundo
o Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo - Creci-SP, o
mercado de venda de imóveis residenciais usados fechou 2015 com uma
retração de 8,27%, já o segmento de locação apresentou crescimento de
48,02% no acumulado do ano.
"As
famílias tiveram o orçamento comprometido pela crise econômica e,
impossibilitadas de comprar a casa própria, tiveram de apelar para a
locação. Esse movimento de troca da compra pelo aluguel deverá continuar
neste ano", afirma José Augusto Viana Neto, presidente do Creci.
A
taxa de desemprego que cresce a cada mês e os juros altos trazem
incertezas neste momento de crise, por isso muita gente pensa duas vezes
antes de fazer um novo investimento. A compra de um imóvel exige um
estudo detalhado, pois o valor comprometerá boa parte da renda familiar
por um longo período.
Fizemos
uma análise simples ao comparar o pagamento do crédito imobiliário com a
locação de unidades na zona leste de São Paulo. Em um apartamento de
50m2, o valor mensal da parcela do financiamento será de aproximadamente
R$ 2.500,00. Já aluguel desta mesma unidade vai ser em torno de R$
1.250,00 ao mês (sem a taxa do condomínio).
Diante
da comparação de preços, fica claro que o valor da locação é mais em
conta, pois os juros do crédito imobiliário são mais altos e acarreta em
um aumento significativo no financiamento. Por outro lado, esse
locatário nunca será o proprietário caso ele não arrisque fazer esse
investimento no futuro.
Portanto,
os números comprovam que o momento é propício tanto para o proprietário
que enxergou que é melhor alugar do que ficar com o imóvel parado,
quanto para o inquilino que percebeu o poder de negociação. Com uma boa
pesquisa é possível encontrar excelentes ofertas e grandes chances de
garantir descontos consideráveis.
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O
aluguel no município do Rio ficou 9,07% mais barato nos últimos 12
meses, segundo o índice FipeZap sobre preços de imóveis anunciados. Por
outro lado, os condomínios mantiveram seus valores, o que em causado um
fenômeno curioso: em certos bairros, é possível ver preços de locação
mais baixos do que os valores das taxas condominiais.
A longo prazo, esse tipo de situação pode se tornar mais comum, já que as regras para o pagamento do condomínio ficaram mais rígidas desde sexta-feira passada. O Novo Código de Processo Civil (NCPC) determina que os devedores de condomínio terão três dias para pagar taxas em atraso. Os moradores com pendências poderão perder os imóveis.
Gerson Vianna, de 52 anos, anunciou uma cobertura na Barra da Tijuca cobrando um aluguel de R$ 1.600, mas o condomínio e o IPTU do imóvel custam R$ 1.700 e R$ 200 por mês. O funcionário público quer atrair locadores:
— Cada vez que o apartamento fica vazio, eu preciso pagar o condomínio. É melhor ter uma pessoa responsável por essa despesa, gerando renda. Se cobro o que seria o valor de mercado, R$ 3 mil, a pessoa fica com medo. Teme perder o emprego e não ter como pagar. Na crise. temos que considerar isso.
Uma pesquisa feita pelo EXTRA encontrou vários imóveis com preço de locação reduzido. Em Jacarepaguá, o dono de um apartamento de dois quartos na Freguesia fixou o aluguel em R$ 750, já que o condomínio custa R$ 900.
Em Niterói, há apartamentos no bairro de Icaraí por R$ 1.500 (preço da locação), com taxa condominial de R$ 1.503. Outra opção é de um imóvel anunciado por R$ 800, com mil reais de taxa. Em Santa Rosa, a cobrança é de R$ 1.200 pelo aluguel, mais R$ 1.400 pelo condomínio. No Ingá, um apartamento é alugado por mil reais. Para as despesas do edifício, a cobrança é de R$ 1.050.
Especialistas citam os motivos
Segundo o Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio), os casos de imóveis com aluguéis mais baratos do que as cotas condominiais não são isolados, mas variam de acordo com cada região. Uma pesquisa feita pela entidade mostra que os custos com condomínio representam, em média, 20% das despesas totais com habitação no Méier. Na Barra da Tijuca e em Jacarepaguá, esse gasto fica em torno de 19% do total. Em Ipanema e no Leblon, os valores são de 12% e 13%.
Segundo o vice-presidente do Secovi Rio, Leonardo Schneider, a diminuição do valor do aluguel é uma forma de reduzir o prejuízo de manter os imóveis desocupados na crise.
— Na Barra da Tijuca, alguns edifícios comerciais já estão oferecendo isenção de aluguel apenas para que as salas se mantenham ocupadas. O mercado imobiliário inflou muito. Agora, a oferta é grande, e a demanda, pequena.
Especialista em Direito Imobiliário, Roberto Renault, da empresa Renault Advogados Associados, concorda que a redução do preço do aluguel é uma solução para garantir a locação, mesmo com lucro menor. O advogado explica que não adianta esperar que o preço dos condomínios fique mais acessível:
— Os empreendimentos têm custos que não podem ser cortados, como contratos com pessoal, manutenção e despesas com concessionárias de serviços, como água e luz.
Depoimento: Leonardo Schneider, Vice-presidente do Secovi Rio
“O momento é bom para quem procura imóveis, porque os aluguéis estão mais baratos. É possível negociar e pedir descontos, se a oferta estiver grande na região. A recomendação é que o cliente olhe com calma, verifique várias opções, controle a ansiedade e negocie. Muitos proprietários investem em diferenciais, como armários embutidos ou pintura nova para chamarem a atenção”.