São Paulo, 02 - Sonho da geração baby boomer dos Estados Unidos, a
tradicional casa de classe média - com jardim sem muros, sótão e porão
para servir de dispensa - tem hoje em dia o seu contraponto: as
microcasas. Nos últimos anos, sobretudo após a crise imobiliária de
2008, cresce o número de americanos que deixam suas residências de 250
metros quadrados por espaços com no máximo 25 metros quadrados, um
décimo do tamanho médio das residências locais. Adeptos do Tiny House
Movement (Movimento de Casas Minúsculas, em tradução livre), um de seus
principais divulgadores, Andrew Morrison, quer agora vender o modelo
também para os brasileiros. Com viagem marcada para o País, o americano
acredita que o estilo de vida simples defendido pelos adeptos, associado
ao baixo custo de produção dessas casas, pode se adequar bem à
realidade do mercado nacional.
"Meu entendimento é que o Brasil
tem uma pequena parte de casas acessíveis, e isso acontece porque, a
exemplo dos Estados Unidos, há uma grande distância entre os que têm
muita riqueza e os que têm muito pouco", diz Morrison. Ele trabalhou por
20 anos como construtor para o mercado residencial tradicional e, na
última década, fatura com a venda de projetos customizados de casas
minúsculas e videoaulas que ensinam os processos de construção aos
interessados.
"Eu acho que a chave desse movimento é a
simplicidade e por isso cresce tanto", conta Morrison, que vive em uma
microcasa de 19 metros quadrados com a esposa e dois filhos adolescentes
em Oregon, estado que fica entre Washington e a Califórnia, na costa
pacífica dos Estados Unidos. Andrew Morrison vem ao Brasil para
participar do Summit Imobiliário Brasil 2016. A segunda edição do
evento, promovido pelo Estado em parceria com o Sindicato da Habitação
de São Paulo (Secovi-SP), será realizada no dia 12 de abril, no hotel
Grand Hyatt, em São Paulo.
Contêiner
Idealizado no inícios
dos anos 2000 pelo arquiteto Jay Shafer, o Tiny House Movement ganhou
força a partir da crise do mercado imobiliário em 2008. Dados da
Associação Americana de Construtores Urbanos (Areuea) apontam que cerca
de 1% das novas residências no país tenha hoje até 25 metros quadrados. A
popularidade em torno do tema é tamanho que, neste momento, dois
reality shows abordam o assunto na televisão local. O mais famoso,
chamado The House Nation, já está em sua terceira temporada no canal
FYI.
Aqui no Brasil, poucos ainda ouviram falar da tendência. Mas
há quem já lucre com o assunto. A Delta, de Curitiba, se especializou
em transformar contêineres usados em minicasas de veraneio.
"Nosso
principal produto é uma casa de 30 metros quadrados, que fazemos a
partir de contêineres com cerca de 15 anos de vida. Eles têm 40 pés e
importamos principalmente da Ásia", conta Jonathan Gabardo, sócio da
Delta, que começou a preparar as minicasas ao tomar conhecimento do
movimento Tiny House.
O empresário conta que uma casa pronta,
feita de contêiner, custa em média R$ 63 mil. O preço não contempla a
mobília, que deve ser encomendada à parte. A demanda, diz Gabardo, chega
principalmente como opção de casa na praia. Há também projetos em
sítios. "É seguro e em 30 dias está pronta", afirma Jonathan Gabardo,
que no entanto tem uma fila de espera de quase seis meses para quem
quiser um projeto. "Temos uns 35 projetos encomendados. A demanda
cresceu muito com a crise e vamos ter de contratar", ele destaca. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O
aluguel no município do Rio ficou 9,07% mais barato nos últimos 12
meses, segundo o índice FipeZap sobre preços de imóveis anunciados. Por
outro lado, os condomínios mantiveram seus valores, o que em causado um
fenômeno curioso: em certos bairros, é possível ver preços de locação
mais baixos do que os valores das taxas condominiais.
A longo prazo, esse tipo de situação pode se tornar mais comum, já que as regras para o pagamento do condomínio ficaram mais rígidas desde sexta-feira passada. O Novo Código de Processo Civil (NCPC) determina que os devedores de condomínio terão três dias para pagar taxas em atraso. Os moradores com pendências poderão perder os imóveis.
Gerson Vianna, de 52 anos, anunciou uma cobertura na Barra da Tijuca cobrando um aluguel de R$ 1.600, mas o condomínio e o IPTU do imóvel custam R$ 1.700 e R$ 200 por mês. O funcionário público quer atrair locadores:
— Cada vez que o apartamento fica vazio, eu preciso pagar o condomínio. É melhor ter uma pessoa responsável por essa despesa, gerando renda. Se cobro o que seria o valor de mercado, R$ 3 mil, a pessoa fica com medo. Teme perder o emprego e não ter como pagar. Na crise. temos que considerar isso.
Uma pesquisa feita pelo EXTRA encontrou vários imóveis com preço de locação reduzido. Em Jacarepaguá, o dono de um apartamento de dois quartos na Freguesia fixou o aluguel em R$ 750, já que o condomínio custa R$ 900.
Em Niterói, há apartamentos no bairro de Icaraí por R$ 1.500 (preço da locação), com taxa condominial de R$ 1.503. Outra opção é de um imóvel anunciado por R$ 800, com mil reais de taxa. Em Santa Rosa, a cobrança é de R$ 1.200 pelo aluguel, mais R$ 1.400 pelo condomínio. No Ingá, um apartamento é alugado por mil reais. Para as despesas do edifício, a cobrança é de R$ 1.050.
Especialistas citam os motivos
Segundo o Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio), os casos de imóveis com aluguéis mais baratos do que as cotas condominiais não são isolados, mas variam de acordo com cada região. Uma pesquisa feita pela entidade mostra que os custos com condomínio representam, em média, 20% das despesas totais com habitação no Méier. Na Barra da Tijuca e em Jacarepaguá, esse gasto fica em torno de 19% do total. Em Ipanema e no Leblon, os valores são de 12% e 13%.
Segundo o vice-presidente do Secovi Rio, Leonardo Schneider, a diminuição do valor do aluguel é uma forma de reduzir o prejuízo de manter os imóveis desocupados na crise.
— Na Barra da Tijuca, alguns edifícios comerciais já estão oferecendo isenção de aluguel apenas para que as salas se mantenham ocupadas. O mercado imobiliário inflou muito. Agora, a oferta é grande, e a demanda, pequena.
Especialista em Direito Imobiliário, Roberto Renault, da empresa Renault Advogados Associados, concorda que a redução do preço do aluguel é uma solução para garantir a locação, mesmo com lucro menor. O advogado explica que não adianta esperar que o preço dos condomínios fique mais acessível:
— Os empreendimentos têm custos que não podem ser cortados, como contratos com pessoal, manutenção e despesas com concessionárias de serviços, como água e luz.
Depoimento: Leonardo Schneider, Vice-presidente do Secovi Rio
“O momento é bom para quem procura imóveis, porque os aluguéis estão mais baratos. É possível negociar e pedir descontos, se a oferta estiver grande na região. A recomendação é que o cliente olhe com calma, verifique várias opções, controle a ansiedade e negocie. Muitos proprietários investem em diferenciais, como armários embutidos ou pintura nova para chamarem a atenção”.