segunda-feira, 6 de julho de 2015

Perdidos no espaço

Os filhos crescem, as prioridades mudam e de repente a "casa perfeita" acaba ficando grande demais, maior do que a necessidade da família.

Para adequar o tamanho do imóvel à rotina, o morador pode vender, alugar, mudar a configuração dos cômodos ou transformar o quarto vazio em escritório (e economizar o que gastaria com o aluguel de uma sala comercial). O analista de finanças Miguel Ribeiro diz que, ao se perceber que a casa é maior do que a família precisa, a primeira recomendação é tentar vender o imóvel grande, mudar-se para um menor e aplicar o dinheiro que sobra.

"Uma outra dica é buscar alguém que esteja na situação inversa: tenha um imóvel menor e busque um de grande porte. Algumas imobiliárias oferecem negociação direta, o que diminui custos."

Há pouco mais de um ano, Percival Deimann, 57, mudou radicalmente de vida. Durante 15 anos, ele e a mulher, a publicitária Adriane, 41, moraram em uma casa de 500 m² no Alto de Pinheiros (zona oeste de São Paulo). Ele percorria 75 quilômetros todos os dias para trabalhar.

O casal vendeu a residência e comprou um apartamento de 40 m² na Vila Olímpia (zona oeste). Deimann deixou a arquitetura e hoje é psicanalista, com um consultório a alguns passos da casa nova.

"A casa é parte da nossa história, nós a aproveitamos ao máximo. Só que um dia, ela ficou grande demais, maior do que o estilo de vida que pretendíamos ter", diz ele. "Tivemos que nos desapegar da casa, passar a dividir o armário, viver com conforto em um espaço reduzido", afirma Deimann.

Deimann diz que a adaptação ao novo cenário não demorou e eles puderam pôr em prática a funcionalidade que ele prezava na arquitetura. No apartamento, o casal instalou armários que guardam utensílios para a casa. A varanda tem mesa para jantar e pode virar ambiente de trabalho.


Investimento

Segundo Igor Freire, diretor da imobiliária Lello, a troca de imóveis grandes por opções menores pode funcionar ainda como investimento.

"Quem tem um apartamento com estrutura grande aproveita para comprar um menor e sobra dinheiro. Quem tem perfil de investidor, pode comprar dois menores, morar em um e alugar o outro."


Espaço extra vira fonte de renda para proprietário

Caso o morador não queira abrir mão do imóvel grande, a casa com cômodos sobrando pode se transformar em oportunidade. Com as duas filhas crescidas e morando fora, a consultora de gastronomia Eugênia Lucato, 53, decidiu anunciar o quarto extra de seu apartamento, na região da Paulista, no site de aluguel por temporada Airbnb. Há quatro anos recebe hóspedes do mundo todo.

"No começo, diziam que eu devia estar louca, por morar sozinha e colocar estranhos em casa. Eu respondia que era uma coisa comum lá fora, uma oportunidade de usar o espaço e treinar o inglês."

Ela explica que optou pelo aluguel por temporada para se sentir livre para viajar e também para que suas filhas usem o quarto quando estiverem em São Paulo.

O analista financeiro Miguel Ribeiro pondera que, apesar de não considerar a opção ideal, o aluguel - por temporada ou com contratos mais longos- de um imóvel maior pode ser a solução para quem não quer vender a casa, como é o caso de Eugênia, ou não pode arcar com os custos do imóvel.

Foi assim com o músico Danilo Aguiar, 30, que não sabia o que fazer com o imóvel de três quartos, na zona oeste de São Paulo, herdado dos avós. "Não queria vender, eram muitas lembranças."

Ele optou, então, por alugar a residência - usa metade do que recebe para pagar a locação do apartamento de um quarto em que vive e guarda o resto para viajar nas férias. "Meus avós sempre falavam em viajar mais. Dar esse destino ao dinheiro é um jeito de homenageá- los."

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