quarta-feira, 26 de março de 2014

Imóvel de alto padrão encalha e vendedores admitem baixar preço

Número de interessados em comprar imóvel de quatro ou mais dormitórios foi quase a metade das ofertas de venda
A quantidade de imóveis à venda no Brasil foi maior que a de potenciais compradores no ano passado, apontou o relatório Dados do Mercado Imobiliário de 2013, elaborado pelo site VivaReal. Enquanto os anúncios de venda representaram 86% da oferta total, os visitantes interessados em comprar não ultrapassaram 65%.
Esta lacuna foi totalmente puxada pelos imóveis de alto padrão, a partir de três quartos. A procura por unidades a partir de quatro dormitórios (9,51%) foi equivalente a quase metade da oferta (17,40%) no último trimestre do ano passado.
Da mesma forma, os imóveis com três quartos representaram 45% de toda a oferta de venda no País, vencendo de longe o segundo colocado – o imóvel de dois dormitórios, que teve 31,8% dos anúncios.
Os de um e dois quartos, contudo, apresentaram um número de interessados superior ao de vendedores, revelou o levantamento.
O preço médio do metro quadrado nos imóveis mais amplos também foi mais atrativo que nos pequenos. Enquanto o de um dormitório custou, em média, R$ 5.166,67 o metro quadrado, o de quatro saiu 6% mais barato, a R$ 4867,49.
É justamente nos imóveis maiores onde estão as melhores oportunidades em 2014 para quem sonha em comprar a casa própria, na opinião da consultora financeira Suyen Miranda, que analisou os dados do VivaReal.
“É notável que os imóveis deste padrão, acima de R$ 700 mil, sofreram uma redução de valor devido à maior oferta no mercado. Se o consumidor tiver condições de comprar para morar, é um momento oportuno”, avalia.
Suyen atribui o aumento da oferta destes imóveis à maior aposta das incorporadoras por empreendimentos de alto padrão, que teria ocorrido poucos anos atrás e refletido no mercado atual.
Falta de procura obrigou proprietário a baixar o preço
Não há dados no Brasil que mapeiem os valores negociados (preço real da operação) na venda imobiliária. Índices como o FipeZap medem somente os preços anunciados no mercado.
Contudo, o descolamento entre oferta e demanda pode ser o primeiro sinal para a falta de liquidez de um imóvel (dificuldade em vendê-lo em pouco tempo). Com menos interessados no bem, o proprietário pode ser obrigado a reduzir o preço de venda para tentar fechar o negócio.
Foi o que aconteceu com o designer Marcel Leal, de 38 anos, que há oito meses tenta vender um lote residencial de 518 metros quadrados em Itupeva, no interior paulista. Sem interessados no negócio, ele já baixou o valor do bem em 20% para atrair potenciais compradores, ainda sem sucesso.
Quando colocou à venda, o metro quadrado do terreno valia R$ 430. Hoje, a revenda está em torno de R$ 400. Mesmo reduzindo o valor de venda de R$ 225 mil para R$ 195 mil, não atraiu nenhuma proposta.
“A cidade está em crescimento, o lote fica em um excelente condomínio e bem localizado. Os investimentos estão indo para outro lugar. Com lançamentos pipocando, as revendas ficam para trás mesmo”, diz o proprietário.
Sem interessados, vendedor prefere manter o preço no Rio
O motorista carioca Wagner Souza, de 34 anos, está sentindo na pele a demora em encontrar um interessado em seu apartamento de três dormitórios, localizado no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Faz quatro meses que Souza anunciou o imóvel de 75 metros quadrados por R$ 390 mil, mas até agora, não houve procura. Ele se diz surpreso com a situação. “Não tenho interesse em negociar o preço, que já está abaixo do ideal no momento”, conta.
Contudo, Souza admite que se houver potenciais compradores no futuro, pode até negociar descontos na venda, de acordo com as propostas que vá receber no imóvel que possui condomínio e vaga na garagem.
Para o investidor – que compra para revender ou alugar – a melhor opção de negócio no momento, de acordo com a consultora Suyen, é o imóvel de um dormitário, bem localizado e próximo a serviços de transporte público, como trem e metrô. “Isso vale para todas as grandes cidades com problemas de mobilidade”.
Valor do metro quadrado sobe 7% no País
Ainda segundo a pesquisa do VivaReal, o preço médio do metro quadrado ofertado para venda no Brasil foi de R$ 4.300. A valorização chegou a 7% ao longo do ano passado em todo o País.
As cidades do Rio de Janeiro e São Paulo permanecem como as mais caras, com preço médio anunciado de R$ 7.138 e R$ 6.308, respectivamente. Em ambas, os preços de aluguel também foram os mais altos do Brasil.
Em pelo menos 11 capitais brasileiras, comprar um apartamento de dois dormitórios significou desembolsar, em média, acima de R$ 300 mil.
As cidades que mais tiveram valorização do metro quadrado foram Fortaleza (18%), Rio de Janeiro (18%), Salvador (11%) e São Paulo (10%). Florianópolis sofreu desvalorização de 1% no período.
Imóveis de alto padrão têm oferta maior em São Paulo
A lacuna entre oferta e demanda de imóveis na capital paulista também foi expressiva no ano passado: os vendedores representaram 84% do total, ao passo que os compradores interessados foram 55%.
Mas isso varia muito conforme o tamanho do imóvel. A demanda por unidades de até 60 metros quadrados foi o dobro da oferta. Já os imóveis com tamanho entre 250 e 400 metros quadrados tiveram um abismo entre oferta e procura: o número de vendedores (10,22%) foi três vezes maior que o de interessados (3,41%).
Enquanto isso, a oferta por imóveis entre 151 e 250 metros quadrados foi duas vezes maior que a demanda, de acordo com o VivaReal.
A procura por aluguel, por sua vez, representou quase metade de todo o interesse por imóveis em 2013, enquanto a oferta foi bem menor. Apesar de o aluguel gerar 45% da demanda no site, ele representou apenas 16% da demanda.
O preço médio do metro quadrado em São Paulo cresceu 10% em 2013, de modo que nove dos 10 bairros mais caros da cidade apresentaram preço acima de R$ 10 mil o metro quadrado.
Fonte: iG

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